TIRADENTES- Raica e Marina
2- Na margem direita do Rio das
Mortes, localizava-se a Fazenda do Pombal, que pertencia à jurisdição de São
João Del Rei, embora o governo, em 1889, tenha dado o nome de Tiradentes para a
cidade de São José Del Rei. Nesta fazenda, foi morar um casal de agricultores
brancos, cristãos velhos, o português Domingos da Silva Santos e sua esposa
brasileira, dona Antônia da Encarnação Xavier. Após muito trabalho no amanho da
terra, o agricultor prosperou, passando a se dedicar também à mineração.
Em pouco tempo, já possuía 35
escravos, embora não chegasse a ser rico. Com a consequente melhora de vida,
Domingos resolveu se aventurar na política, tendo sido eleito para o cargo de
vereador da Câmara de São José Del Rei entre 1755 e 1757. Também ocupou o cargo
de almotacé, um importante posto de fiscal na época do Brasil colônia, função
só exercida por pessoas de total confiança pelos membros do
Senado da Câmara. Aos almotacés
cabia fixar e taxar os preços dos gêneros alimentícios, cuidar da distribuição
dos mantimentos e zelar pela exatidão de pesos e medidas. Portanto, a família
de Tiradentes não só possuía certo prestígio, como alguns bens, dentre eles, a
própria Fazenda do Pombal.
3- Sebastião Ferreira Leitão era
dentista e, vendo que o menino se
mostrava bastante interessado na
profissão, aos poucos passou a lhe ensinar os rudimentos do ofício. Dizem que
ele se dedicou com tal afinco a este trabalho, que logo já era capaz de arrancar
dentes com bastante ligeireza e fazia próteses muito semelhantes a dentes
verdadeiros. Foi uma atividade que desempenhou ao longo de toda a sua vida,
mesmo quando exercia as funções de alferes na Companhia
dos Dragões. Muitas vezes,
tratava seus pacientes sem nada lhes cobrar, bastando para si apenas a certeza
de que estava levando alívio e conforto aos seus semelhantes.
4- Teria Tiradentes sido o “primo
pobre” da inconfidência, como afirmam alguns historiadores, que quiseram ver no
movimento pela libertação da pátria apenas um enorme calote que senhores
abonados da colônia quiseram aplicar na Real Fazenda, quando souberam que
teriam parte de suas fortunas confiscadas pela decretação da derrama? Senão,
vejamos.
5- Com a morte de seu pai em
1757, o jovem rapazinho viu-se obrigado a ir atrás de trabalho para ajudar a
família. Pouco tempo se dedicou a cultivar a terra, pois não lhe agradava ser
lavrador. Decidiu,portanto, morar com o seu padrinho, Sebastião Ferreira
Leitão, que passou a lhe ensinar o ofício de arrancar dentes, como já ficou
dito.
6- Parte dos historiadores
bate-se pela tese de que Tiradentes teria passado antes por cargos inferiores,como
cabo, furriel e sargento até ser promovido a alferes em 1776, quando foi criado
o Regimento de Cavalaria Regular, pela junção das antigas Companhias de
Dragões. Outros historiadores alegam que ele entrou para a carreira militar já
no posto de alferes e nisto parou, sem jamais ter sido promovido.
7-Até onde se sabe, o alferes não
foi muito feliz no amor. Ele era bastante mulherengo e teve várias mulheres,
mas todos os seus casos foram efêmeros. Gostava das mocinhas trigueiras,
sobretudo se fossem novas. Porém, não se casou na igreja, permanecendo solteiro
por toda a vida. De acordo com o cônego Luís Vieira da Silva, um dos
personagens mais importantes da inconfidência mineira, Joaquim José
adorava frequentar prostíbulos e
vivia prometendo prêmios futuros para as meretrizes, tão logo a república se formasse
no Brasil, talvez para conseguir favores sexuais sem precisar pagar
8- Tendo nascido em Vila Rica no
ano de 1760, José Álvares Maciel pertencia a uma das famílias mais ricas e
importantes da cidade. Seu pai era o capitão-mor José Álvares Maciel, homônimo
do filho, e sua mãe Dona Juliana Francisca de Oliveira Leite. Em 1782, embarca
para a Europa com o objetivo de estudar na Universidade de Coimbra. Muitos
historiadores afirmam que ele se formou em Ciências Naturais, mas o seu
diploma, que se encontra hoje no Museu da Inconfidência, patenteia que o rapaz
recebeu o “grau de Bacharel da
Faculdade de Filosofia” no mês de julho de 1785, obtendo nota máxima de seus
mestres, ou seja, “nemine discrepante”.
9- Muitas pessoas que tomaram
parte no movimento da inconfidência eram homens importantes na capitania de
Minas, gente instruída e abastada. Se decidiram se aventurar em empresa tão
arriscada, pois o crime de lesa-majestade era o mais grave que um súdito
poderia cometer, é porque estavam desesperados. Embora ricos, quase todos
deviam altas somas à Coroa, em virtude dos quintos e outros impostos. Se a
independência fosse proclamada, eles imaginavam que suas dívidas seriam perdoadas
pela nova república e, por isso, alegavam:“Queremos a pátria independente, a cultura
livre, a exploração livre, a abolição dos impostos, que são o cativeiro e o
roubo, a Universidade, e conosco aJustiça, a Administração e o Governo”.
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