MATERNIDADE NA ADOLESCENCIA - THAIS RODRIGUES PAZ(grupo escritoras autonomas)
O tema maternidade na adolescência é muito amplo, polêmico e ultrapassa o conteúdo estrito da área científica, tanto que é um dos temas transversais presentes nos PCN.
Não é mais possível que os estudos sobre reprodução humana ignorem os valores culturais e sociais relacionados à sexualidade. Diante do estilo de vida da atualidade, devem ser salientados explicitamente o sexo protegido contra a Aids e outras DSTs e, ainda, a maternidade e a paternidade responsáveis, fruto da gravidez planejada.
É muito importante para o equilíbrio emocional de qualquer pessoa que reflita bastante, tenha segurança e responsabilidade e se sinta preparada para iniciar a vida sexual ativa, já que implica risco de gravidez não planejada e de doenças sexualmente transmissíveis. É comum os jovens se acharem muito sabidos sobre sexo, mas fato é que se sabe muito pouco, mesmo entre os adultos. Conversar com os pais, pessoas mais velhas de sua confiança, professores ou profissionais da saúde e procurar se informar sobre o que pode acontecer são formas saudáveis de se preparar.
Quando a gravidez acontece sem ser planejada e desejada, torna-se um problema: surge, então, a opção de ‘’ tirar a criança’’. Como cuidar de um bebê quando não há condições econômicas ou psicológicas para isso? Começa aqui um drama.
De acordo com a lei, o aborto provocado é proibido no Brasil, a não ser em casos de estupro ou de risco de morte da mãe, com os atestados respectivos da polícia e de médicos.
Se a mulher for adolescente, é mais difícil ainda encontrar equilíbrio nessa situação, se não tiver o apoio de alguém em quem confiar. Um companheiro solidário nessas horas é muito importante, mas em muitos casos o pai da criança também fica confuso e não se compromete, cabendo à mulher o maior sofrimento.
Provavelmente você se imaginou com um lindo bebê nos braços, cercado de carinho. Muita gente pensa como é gostoso ter um filho, mas é preciso lembrar-se também de que uma criança muda radicalmente a vida dos pais e, sobretudo, exige que eles sejam responsáveis por ela. Tomar conta de um filho pode não ser muito fácil, mas o difícil mesmo é se tornar mãe ou pai verdadeiro, que acompanha o seu crescimento, que dedica um longo tempo de sua vida para cuidar dele e ainda trabalha para mantê-lo.
Um estudo do Programa de Saúde do Adolescente do Ministério da Saúde, em 2001, constatou em 28% dos casos de gravidez precoce ocorreram nos três primeiros meses após o início da atividade sexual, ou seja, pouquíssimo tempo após a adolescente ter iniciado a sexualidade adulta. Apenas 24,5% desejavam ter filhos, enquanto 2,8% declararam não se importar em engravidar.
Há outro dado dessa pesquisa no mínimo preocupante: cerca de 40% das adolescentes que tiveram uma gestação tornaram a engravidar em um curto intervalo de tempo. Em 1991, isso acontecia com 20% das adolescentes.
O objetivo é colocar a discussão da gravidez na adolescência como questão psicossocial a ser encarada por toda a sociedade. Pode não ser necessariamente um problema, mas indica fatores preocupantes para a organização familiar dos jovens.
O objetivo do texto é discutir a gravidez precoce como hipótese possível para os alunos e não como problema social, para que reflitam profundamente na responsabilidade individual da paternidade e da maternidade. Outro objetivo é discutir as implicações de ser pai ou mãe muito jovem, colocando a necessidade de cuidados anticoncepcionais desde o início da vida sexual.
É importante informar que vários estudos mostram que a baixa escolaridade é tanto causa como consequência da gravidez na adolescência. Sabemos que quanto menor a escolaridade, maior a probabilidade de ocorrer gestação e que isso faz a adolescente parar de estudar: por vergonha das amigas, por pressão da escola e muitas vezes da família, por punição, por acreditar que essa é a única maneira de cuidar de seu filho, ou, ainda, por pressão do parceiro. Os meninos, muitas vezes, param de estudar para trabalhar a fim de sustentar a nova família. A pesquisa da UFC constatou que quase 50% das gestantes pararam de estudar. Após um ano e até mesmo cinco anos depois da gravidez poucas tinham voltado ao estudo. A baixa escolaridade tem como consequência menor qualificação profissional e desemprego, levando à perpetuação da pobreza.
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